À medida que o número de casos de Alzheimer continua a aumentar em todo o mundo, há uma preocupação crescente sobre o impacto desta doença neurológica progressiva nos indivíduos. A doença de Alzheimer, que afeta diversas funções cerebrais, leva a um grave declínio nas capacidades cognitivas, afetando a memória, a capacidade de tomada de decisões e a qualidade de vida em geral. O aumento de casos está ligado a fatores como genética, estilo de vida e condições médicas subjacentes.
À medida que a doença de Alzheimer se torna mais prevalente, tornou-se importante compreender os sintomas, a progressão da doença e a prevenção. Conversamos com o Dr. Jyoti Bala Sharma, Diretor de Neurologia do Fortis Hospital (Noida) para aprofundar as complexidades da doença.
Alzheimer: o que é e quais sinais de alerta você deve observar
Dr. Jyoti: A doença de Alzheimer é um distúrbio neurológico progressivo que afeta a memória, o pensamento e o comportamento. É a forma mais comum de demência e é responsável por 60-80% de todos os casos de demência. Afeta mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo e um novo paciente é diagnosticado a cada três segundos.
1. Perda de memória: Esquecer informações aprendidas recentemente, datas importantes ou pedir repetidamente as mesmas informações.
2. Dificuldades de comunicação: Dificuldade em encontrar as palavras certas, acompanhar conversas ou compreender a linguagem escrita ou falada.
3. Desafios na resolução de problemas: Dificuldade em pensar abstratamente, tomar decisões ou estimar tempo e espaço.
4. Mudanças de humor: Facilmente irritável, ansioso ou deprimido, com rápidas mudanças de humor.
5. Mudanças de personalidade: Torne-se passivo, desconfiado ou retraído e demonstre falta de interesse nas atividades.
6. Desorientação: Dificuldade em compreender o tempo, lugar ou situação.
7. Dificuldade com atividades diárias: Problemas com tarefas diárias, como tomar banho, vestir-se ou cozinhar.
8. Problemas visuo-espaciais: Problemas com equilíbrio, coordenação ou compreensão de informações visuais. É importante lembrar que todos experimentam alguns desses sintomas em algum momento. No entanto, se notar um padrão consistente ou combinação destes sinais, deve consultar um médico para avaliação e aconselhamento apropriados.
Como as pessoas podem diferenciar entre a perda normal de memória relacionada à idade e os primeiros sintomas da doença de Alzheimer que levam à demência?
Dr. Jyoti: É importante lembrar que todas as pessoas experimentam alguns destes sintomas em algum momento, mas se notar um padrão consistente ou combinação destes sinais e se isso começar a interferir nas atividades da vida diária, este é um sinal precoce de demência. Esses pacientes precisam consultar um médico para avaliação e aconselhamento adequados.
Até que ponto a genética desempenha um papel na doença de Alzheimer e que factores genéticos estão associados a um risco aumentado?
Dr. Jyoti: A genética desempenha um papel significativo na doença de Alzheimer. Embora as causas exatas ainda não sejam totalmente compreendidas, a investigação identificou vários fatores genéticos que aumentam o risco de desenvolver a doença de Alzheimer.
1. Doença de Alzheimer de início precoce: Certas mutações genéticas (APP, PS1, PS2) podem causar doença de Alzheimer de início precoce (antes dos 65 anos).
2. Doença de Alzheimer de início tardio: Várias variantes genéticas (por exemplo, APOE-e4) aumentam o risco de doença de Alzheimer de início tardio (após os 65 anos).
3. APOE-e4: A variante do gene APOE-e4 é o fator de risco genético mais forte para a doença de Alzheimer em estágio avançado.
4. Histórico familiar: O risco de uma pessoa desenvolver a doença de Alzheimer aumenta se um parente de primeiro grau (pai ou irmão) tiver a doença de Alzheimer.
Os testes genéticos podem ajudar a determinar o risco da doença de Alzheimer?
Dr. Jyoti: Os testes genéticos são usados principalmente para fins de pesquisa ou para o início precoce da doença de Alzheimer.
Você pode compartilhar conosco os últimos avanços na pesquisa sobre Alzheimer, especialmente no tratamento e na prevenção?
Dr. Jyoti: O tratamento para a doença de Alzheimer geralmente envolve uma combinação de medicamentos, mudanças no estilo de vida e cuidados de suporte. Medicamentos como inibidores da colinesterase e memantina são úteis no tratamento da doença de Alzheimer. Além da medicação, os seguintes remédios também podem ser úteis:
Mudanças no estilo de vida:
1. Estimulação Cognitiva: Participe de atividades mentalmente estimulantes (por exemplo, quebra-cabeças, leitura).
2. Exercite-se regularmente: A atividade física pode retardar o declínio cognitivo.
3. Engajamento social: mantenha-se conectado com outras pessoas.
4. Alimentação saudável: concentre-se em alimentos integrais e ricos em nutrientes.
5. Gerenciamento de estresse: pratique técnicas de redução de estresse (por exemplo, meditação).
Tratamento de suporte:
1. Apoio ao pessoal de enfermagem: Treinar e apoiar o pessoal de enfermagem.
2. Gerenciamento de comportamento: Aborde mudanças de comportamento (por exemplo, inquietação, agressão).
3. Fisioterapia: Mantenha a mobilidade e a força.
4. Terapia ocupacional: apoio nas atividades diárias.
5. Fonoaudiologia: ajuda na comunicação.
Qual o papel que os tratamentos experimentais, como as imunoterapias ou as terapias genéticas, desempenham hoje na investigação da doença de Alzheimer?
Abordagens mais recentes, como imunoterapias que visam a deposição de beta-amilóide no cérebro, estão atualmente sendo testadas. Lecanemab, um anticorpo monoclonal IgG1 humanizado que se liga com alta afinidade às protofibrilas Aβ solúveis, está sendo testado em indivíduos com doença de Alzheimer em estágio inicial.
Existem certas técnicas de controle do estresse que ajudam a reduzir o risco de Alzheimer?
Terapias alternativas:
1. Musicoterapia: pode reduzir a inquietação e melhorar o humor.
2. Arteterapia: Promove a autoexpressão.
3. Terapia Animal: Pode reduzir o estresse e melhorar o humor.