Um homem de Montana foi condenado a seis meses de prisão por traficar um clone de uma ovelha Marco Polo Argali, criticamente ameaçada de extinção. O caso gerou debates sobre a lei da vida selvagem e a ética da clonagem de animais
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Num bizarro crime de clonagem de gado, um homem de Montana foi condenado a seis meses de prisão por traficar um clone de uma ovelha Marco Polo Argali, criticamente ameaçada de extinção. O caso, apenas o segundo do género nos Estados Unidos, destacou preocupações sobre o impacto da tecnologia de clonagem no comércio de vida selvagem.
Documentos judiciais mostram que um homem chamado Arthur Schubarth trouxe ilegalmente partes de uma ovelha Marco Polo Argali do Quirguistão para os Estados Unidos. Em 2015, ele contratou um laboratório para criar uma versão clonada da ovelha e batizou-a de Montana Mountain King (MMK).
Usando o material genético da MMK, Schubarth supostamente criou inúmeras ovelhas com genética parcial de Argali e vendeu a prole para entusiastas da caça grossa. As implicações legais destas atividades realçaram a escala da operação: dezenas de ovelhas híbridas podem agora estar espalhadas pelos Estados Unidos
A escala dos esforços de clonagem de Schubarth é surpreendente. De acordo com um documento judicial, pelo menos 26 ovelhas foram trazidas para sua fazenda para inseminação em 2018, e outras 48 chegaram um ano depois.
Outros registos mostram que mais 43 ovelhas foram transportadas para reprodução em 2020. Alguns dos filhotes foram vendidos por milhares de dólares, incluindo uma ovelha chamada Montana Black Magic, que foi vendida por US$ 10 mil. Os documentos judiciais também alegam a venda de uma ovelha híbrida a um comprador em Dakota do Sul, mas o paradeiro de muitos destes híbridos permanece desconhecido.
Embora o próprio MMK tenha sido protegido no Zoológico Rosamond Gifford em Syracuse, Nova York, onde estará em exibição a partir de meados de novembro, o destino de sua prole é incerto.
Quatro homens envolvidos no caso assinaram acordos de consentimento que exigem que coloquem em quarentena todas as ovelhas híbridas e renunciem aos direitos de propriedade para que o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA (USFWS) possa castrar os animais e ordenar autópsias caso morram.
O caso gerou debates sobre a lei da vida selvagem e a ética da clonagem de animais. Chris Tenoglia, advogado de um réu, disse que seu cliente sacrificou nove ovelhas mestiças para evitar reprodução acidental. Outro réu, Riley Niewenhuis, foi condenado a liberdade condicional e multa, mas está supostamente cumprindo as exigências do governo para lidar com as ovelhas híbridas de forma responsável.
Monique Sosnowski, especialista em crimes contra a vida selvagem, observou que tais casos levantam questões únicas sobre a clonagem, incluindo se os híbridos devem ser classificados como espécies ameaçadas ou invasoras. À medida que a tecnologia de clonagem avança e se torna mais acessível, crescem as preocupações sobre possíveis impactos ecológicos.
Representantes da indústria como Blake Russell, da ViaGen Pets, enfatizam a importância da conformidade regulatória e da vigilância no setor da clonagem. À medida que a clonagem se torna mais popular, os especialistas prevêem que as leis sobre a vida selvagem terão de evoluir rapidamente para enfrentar os desafios emergentes.