O Ocidente não deve assumir que a China está atrasada em relação aos EUA e à Europa no desenvolvimento tecnológico, alertaram o presidente e o vice-presidente da Microsoft.
As tensões entre os EUA e a China nos últimos anos centraram-se na luta entre as duas nações pela supremacia tecnológica, culminando numa série de controlos à exportação de tecnologias críticas. No final do ano passado, a chinesa Huawei surpreendeu o mercado ao lançar um smartphone cujas análises apontavam para velocidades de download relacionadas com 5G, gerando especulações sobre um aparente avanço do chip que desafiava as sanções tecnológicas dos EUA.
Brad Smith, da Microsoft, disse à CNBC na terça-feira, na conferência de tecnologia Web Summit em Lisboa, Portugal, que a China está “em muitos aspectos” perto ou até mesmo alcançando a tecnologia.
“Acho que, francamente, um dos perigos é que muitas vezes as pessoas que não viajam para a China presumem que estão atrasadas”, disse ele a Karen Tso da CNBC. “Mas quando você vai lá, fica impressionado com o quanto eles fazem.”
Ele previu que as empresas chinesas e americanas continuarão a competir em tecnologia num futuro distante e apelou às empresas norte-americanas e europeias para trabalharem em conjunto para estimular a economia e trazer novos avanços, como a inteligência artificial, para o resto do mundo.
O CEO da Microsoft, Brad Smith, participa de uma reunião no Westin Palace Hotel em Madrid, Espanha, em 20 de maio de 2022.
Cezaro De Luca | Imprensa Europa | Imagens Getty
Segundo o site da empresa, a Microsoft opera na China desde 1992, inclusive por meio de seu maior centro de pesquisa e desenvolvimento fora dos Estados Unidos. O CEO da Microsoft, Satya Nadella, disse no ano passado que a empresa não estava focada na China como mercado interno, mas que presta serviços a empresas chinesas e é mais visível localmente do que muitos outros gigantes da tecnologia dos EUA.
Questionado sobre se o comércio e as transferências de tecnologia – ou o movimento de dados, designs ou inovações – com a China se tornarão mais difíceis à medida que Washington transita entre as administrações do atual líder dos EUA, Joe Biden, e do presidente eleito, Donald Trump, Smith disse que ainda é muito cedo. saber.
“A verdade é que, como empresa de tecnologia americana, só podemos fazer negócios na China se oferecermos um serviço que o governo chinês deseja lá e o governo dos EUA quer que o levemos para lá”, disse ele, acrescentando: “E em em alguns casos, por exemplo, eles pensam em um data center para suportar uma Mercedes, uma Siemens, uma Starbucks, uma General Motors – com serviços ao consumidor parece haver um certo nível de conveniência, na verdade não.
Ele previu que viveremos num mundo onde algumas tecnologias serão transferidas para a China e não serão as empresas tecnológicas que decidirão.
—Jordan Novet da CNBC contribuiu para este artigo.