Por Katy Daigle
BAKU, Azerbaijão (Reuters) – A cúpula climática da ONU deste ano chegou a um acordo sobre financiamento climático dois dias após o prazo, após duas semanas de negociações tensas.
Aqui estão algumas conclusões da cimeira COP29 na capital do Azerbaijão, Baku:
A liquidez (TSX:) para o clima permanece restrita
O principal ponto da agenda da cimeira – estabelecer uma nova meta anual para o financiamento climático global – causou duas semanas de conflitos entre as nações. Mesmo depois de ter sido alcançado um acordo sobre 300 mil milhões de dólares por ano até 2035, muitos países em desenvolvimento consideraram que o montante era demasiado baixo.
Alertaram também que o prazo de uma década, 2035, prejudicaria a transição global para a energia limpa.
Alguns, incluindo a Índia, também criticaram as nações ricas por tentarem incluir contribuições dos países em desenvolvimento na meta anual.
TRUMP DEFINIR O HUMOR
Embora ainda não tenha tomado posse, a vitória de Donald Trump, negador do clima, nas eleições presidenciais de 5 de Novembro atenuou o clima na COP29.
Trump prometeu excluir os Estados Unidos dos esforços climáticos globais e nomeou outro céptico climático como seu secretário de energia.
A eleição de Trump significou que os EUA tinham pouco a oferecer na COP29, apesar de serem o maior poluidor histórico do mundo e a principal causa das alterações climáticas. Também limitou as ambições no que respeita ao objectivo financeiro, sendo pouco provável que a maior economia do mundo contribua para esse objectivo.
LUZ VERDE PARA CRÉDITOS DE CO2
Depois de quase uma década de esforços para criar um quadro para créditos de carbono, a COP29 chegou a um acordo que permite aos países começar a criar estes créditos para obter financiamento e compensar as suas emissões, ou para negociá-los numa lei de troca de mercado.
Alguns pequenos detalhes ainda precisam de ser esclarecidos, como a estrutura do registo e os requisitos de transparência. Mas os defensores esperavam que a promoção das compensações de carbono ajudasse a canalizar milhares de milhões de dólares para novos projectos de apoio à acção climática.
JULGAMENTO DE COP EM DÚVIDA
Apesar de anos de acordos climáticos elogiados, os países manifestaram preocupação com o facto de tanto as emissões de gases com efeito de estufa como as temperaturas globais ainda estarem a aumentar.
Os países têm sido atingidos por condições climáticas cada vez mais extremas, sublinhando que o progresso não foi suficientemente rápido para evitar uma crise climática.
Este ano está no bom caminho para ser o ano mais quente de que há registo e há evidências de que os impactos climáticos estão a aumentar mais rapidamente do que o esperado.
Inundações generalizadas mataram milhares de pessoas e deixaram milhões de pessoas famintas em toda a África; Deslizamentos de terra mortais soterraram aldeias na Ásia. A seca na América do Sul encolheu os rios – importantes corredores de transporte – e os meios de subsistência. E as inundações provocadas pelas chuvas em Espanha e nos Estados Unidos mataram centenas de pessoas e destruíram milhares de milhões de dólares em valor económico.
Tensões comerciais na vanguarda
Os países em desenvolvimento pressionaram fortemente na COP29 para abrir discussões sobre as barreiras comerciais relacionadas com o clima, argumentando que a sua capacidade de investir na ecologização das suas economias estava a ser prejudicada pelas dispendiosas políticas comerciais das economias mais ricas do mundo.
O foco estava no planejado imposto fronteiriço de CO2 da Europa (CBAM). Mas igualmente preocupante é a perspectiva de Trump impor tarifas abrangentes sobre todas as importações.
O painel climático da ONU concordou em colocar a questão na agenda de futuras cimeiras.
INTERESSES EM COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
A COP deste ano foi a terceira consecutiva realizada num país produtor de combustíveis fósseis. Tanto o secretário-geral da OPEP como o presidente do país anfitrião, o Azerbaijão, disseram na cimeira que os recursos de petróleo e gás eram “uma dádiva de Deus”.
Em última análise, a cimeira não conseguiu definir medidas para os países aproveitarem o compromisso do ano passado da COP28 de abandonarem os combustíveis fósseis e triplicarem a capacidade de energia renovável nesta década.
Muitos negociadores consideraram isto um fracasso – e um sinal de que os interesses dos combustíveis fósseis estão a superar as negociações climáticas.