Na Boeing, as perdas estão se acumulando. Um novo problema elétrico na aeronave 737 da Boeing levará algum tempo, escreveu Ronald Epstein, analista do Bank of America, em nota obtida por Ativos“Isso pode impactar ainda mais o cronograma das entregas, apesar da incerteza em torno do número de aeronaves afetadas por este problema”, escreveu ele na segunda-feira.
A Boeing foi forçada a cortar a produção em sua fábrica do 737 em Renton, Washington, na semana passada. Isso ocorreu devido a um problema com as caixas de junção usadas para rotear cabos elétricos através de aeronaves, conforme relatado pela primeira vez pela agência de notícias King 5 de Seattle.
A Boeing confirmou em comunicado à Fortune que a empresa descobriu um “componente não conforme” em três aeronaves que já havia entregue, o que os levou ao encalhe.
“De acordo com nosso procedimento operacional padrão, realizamos qualquer retrabalho necessário nas aeronaves em nosso sistema de produção para garantir que atendam a todos os requisitos antes da entrega”, disse um representante da Boeing, observando que a produção não parou na fábrica de Renton.
O atraso na produção se deve a uma série de trágicos acidentes na empresa. Dois acidentes do 737 Max em 2018 e 2019, que mataram 346 pessoas, levaram a Boeing a se declarar culpada de fraude por enganar a Administração Federal de Aviação na avaliação da segurança de sua então nova série de aeronaves.
E depois que um plugue na porta de um avião 737 Max explodiu em janeiro, causando um vôo de puro “caos” para passageiros e tripulantes, os esforços da Boeing para consertar seu processo de fabricação de aviões voltaram a ficar sob os holofotes.
Recentemente, dois astronautas da Estação Espacial Internacional tiveram que atrasar a viagem de regresso durante meses devido a defeitos numa cápsula espacial construída pela Boeing para a NASA.
O novo CEO da Boeing, Robert “Kelly” Ortberg, estará muito ocupado para consertar os atrasos. As ações da Boeing pagaram o preço de todo esse drama, caindo mais de 33% no acumulado do ano.
Isso ocorre em parte porque os problemas de produção estão começando a afetar os resultados financeiros. A empresa mais que triplicou seu prejuízo operacional no segundo trimestre, para US$ 1,4 bilhão. A razão para isso é um declínio acentuado nas entregas de novas aeronaves, incluindo o 737 Max.
Ainda assim, a maioria dos analistas permanece otimista em relação às ações da Boeing. De acordo com dados do Wall Street Journal, 17 analistas de Wall Street classificam as ações da Boeing como uma compra, 10 as classificam como uma retenção e apenas dois as recomendam como uma venda.
Epstein, do BofA, reiterou na segunda-feira sua classificação “neutra” e preço-alvo de US$ 200 para as ações da Boeing, implicando um retorno potencial de 19 por cento para os acionistas nos próximos 12 meses.