Grandes partes da Europa são actualmente afectadas por uma crise demográfica. A Grécia é um dos países que mais sofre com isto.
O país tem uma das taxas de fertilidade mais baixas da região – comparável a outros países que sofrem do mesmo problema, como a China e o Japão – e o primeiro-ministro grego descreveu o país como uma “bomba-relógio”.
A taxa de natalidade do país tem diminuído constantemente ano após ano e 2022 marca o seu nível mais baixo em quase um século.
O governo está agora a tomar medidas para evitar um possível declínio populacional à medida que a economia envelhece e a procura de mão-de-obra aumenta.
Na semana passada, a Grécia anunciou uma série de medidas para ajudar a aumentar a taxa de natalidade através de benefícios adicionais para cuidados infantis e incentivos fiscais para os pais.
O país europeu gasta mil milhões de euros por ano no apoio à natalidade, informou a Reuters, e já oferece incentivos como benefícios de maternidade e subsídios para produtos para bebés. As novas medidas fazem parte dos planos do governo para aumentar a taxa de natalidade.
Mas sem o estímulo económico que o acompanha, todos os esforços para incentivar as pessoas a terem mais filhos serão em vão. A Grécia é o segundo país mais pobre da União Europeia. É por isso que o país também anunciou um aumento das pensões e do salário mínimo a partir do próximo ano.
Uma combinação de factores sociais e económicos explica a situação difícil da Grécia. Há cerca de duas décadas, uma crise económica mergulhou o país numa dívida pesada e numa austeridade, prejudicando as perspectivas de emprego dos gregos e levando-os a emigrar para o estrangeiro em busca de melhores oportunidades. Embora a população da Grécia tenha oscilado durante as guerras, perdeu os seus melhores profissionais durante a crise financeira. Estes desenvolvimentos tiveram consequências de longo alcance, incluindo escassez de mão-de-obra no país e declínio contínuo da população.
A economia grega está hoje melhor e terá crescido 2% em 2023. No entanto, ainda é significativamente mais fraco do que em 2007. Desafios como o elevado desemprego e a inflação continuam a influenciar a decisão de constituir e expandir famílias. O envelhecimento da população poderá exercer ainda mais pressão sobre uma economia que já tem um elevado peso da dívida.
Pode ser difícil sair de uma tendência que está indissociavelmente ligada à forma como as pessoas vivem.
Mas pelo menos a Grécia tem os mesmos problemas que outros países como a Itália. A Rússia também enfrenta um declínio populacional, embora por razões diferentes, desencadeado pela invasão da Ucrânia.
A Hungria enfrenta um dilema semelhante. Na esperança de que as pessoas pensem em constituir família, o país oferece empréstimos de 30.000 euros e subsídios.
Em última análise, uma inversão da estrutura social em países individuais não é um processo isolado; exige a coordenação com a política económica e financeira.