O presidente do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, ordenou que os provedores de serviços de Internet do país bloqueiem a plataforma de mídia social X. O jornal New York Times informou que a ordem se deveu à recusa do proprietário Elon Musk em nomear representação legal para seu caso e cumprir a ordem de Moraes de encerrar contas X, que ele considerou prejudicial ao processo democrático. O despacho foi publicado online pelo site de notícias brasileiro Poder 360.
O tribunal estabeleceu um prazo para as empresas de telecomunicações e gigantes da tecnologia removerem o X de suas lojas de aplicativos e plataformas. Apple e Google têm cinco dias para remover o aplicativo de mídia social de suas lojas de aplicativos. A agência brasileira de telecomunicações Anatel confirmou o recebimento do pedido, e os ISPs do país têm apenas 24 horas para cumprir o pedido.
A ordem do juiz Moraes não apenas bloqueia o acesso do país ao X, mas também criminaliza o uso do aplicativo em uma rede privada virtual (VPN). Qualquer pessoa flagrada acessando o X por meio de uma VPN enfrentará uma multa diária de 50 mil reais (cerca de US$ 8.900).
O juiz Moraes também congelou as contas bancárias brasileiras do provedor de serviços de internet Starlink da SpaceX na quinta-feira para pressionar ainda mais Musk a cumprir a ordem do tribunal. A SpaceX, assim como a X, é uma empresa privada de propriedade majoritária de Musk, e a X tem US$ 3 milhões em multas não pagas relacionadas ao seu caso no Brasil. Na véspera, o juiz Moraes ameaçou proibir a plataforma X em todo o Brasil caso a empresa de mídia social não nomeasse um representante legal no país. O prazo transcorreu sem qualquer alteração na agenda do tribunal, então o juiz cumpriu sua promessa.
A Starlink expressou sua desaprovação da ordem e disse que apelaria da decisão. A empresa ainda ameaçou oferecer seus serviços gratuitamente aos clientes para contornar a ordem do juiz.
A disputa judicial entre o juiz Moraes e Musk está fervendo há meses. O juiz do Supremo Tribunal, que também é a autoridade eleitoral do Brasil, monitora os candidatos e dá-lhes instruções para garantir que não divulguem informações falsas online e nas redes sociais.
A eleição presidencial de 2022 no Brasil entre o notório titular Jair Bolsonaro e seu adversário e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva supostamente viu inúmeras tentativas de apresentar informações falsas aos eleitores. O juiz Moraes era até recentemente presidente do Tribunal Superior Eleitoral do país, o que lhe conferia autoridade para ordenar a remoção de conteúdos que violassem ordens judiciais anteriores. O juiz ordenou suspensão semelhante do aplicativo de mensagens Telegram por não conseguir bloquear as contas em questão. Este bloqueio foi suspenso após o cumprimento da ordem.
Musk descreveu as ordens de Moraes para encerrar ou congelar contas de desinformação X semelhantes como “ordens de censura”. No início deste mês, Musk expressou sua contínua recusa em cumprir o tribunal ao fechar o escritório brasileiro de X para “proteger a segurança de nossos funcionários”. A equipe de assuntos governamentais globais de X também prometeu liberar todas as “reivindicações ilegais e todos os processos judiciais relacionados” do juiz de Moraes.