ACREUNA/ORIZONA, Brasil, 26 de agosto (IPS) – Uma padaria comunitária, produção familiar de polpa de frutas e recuperação de fontes de água são algumas das iniciativas da organização Energia das Mulheres da Terra, que se organiza desde 2017 no estado de Goiás no Centro-Oeste do Brasil se torna.
Um recurso comum são as fontes de energia renováveis não convencionais, como a energia solar e a biomassa, que são fundamentais para a viabilidade económica e a sustentabilidade ambiental dos projetos.
A rede inclui 42 organizações de mulheres em 27 municípios de Goiás, estado cuja economia, assim como toda a região Centro-Oeste, é caracterizada pela agricultura extensiva de monocultura, principalmente soja, milho, cana-de-açúcar e algodão.
Devido à baixa densidade populacional e aos mercados urbanos distantes, as condições para a pequena agricultura familiar são desfavoráveis. Neste século, o movimento de fortalecimento do setor aumentou, com as feiras da agricultura familiar Agro Centro-Oeste patrocinadas por universidades locais.
Existem 95 mil propriedades agrícolas familiares em Goiás, o que representa 63% de todas as propriedades rurais do estado.
“A rede é o elo entre a valorização da mulher rural, a agricultura familiar e a transição energética”, disse Gessyane Ribeiro à IPS. A cientista agrária coordena o projeto, que utiliza fontes alternativas de energia para empoderar as mulheres na produção agrícola.
O projeto “Energia das Mulheres da Terra”, que deu origem à rede, é promovido pela Gepaaf, empresa conhecida pela sigla do seu nome (gestão e elaboração de projetos em consultoria para a agricultura familiar), e que surgiu a partir de grupo de estudos da Universidade Federal de Goiás.
Graças ao financiamento a fundo perdido da Caixa Econômica Federal, banco estadual focado no apoio a serviços sociais e habitação, a empresa conseguiu realizar ações com 92 mulheres agricultoras e 60 projetos familiares e outros até junho de 2023, em colaboração com dois institutos e a universidade Montou 16 projetos coletivos.
Em Acreúna, município de 21,5 mil habitantes, 14 agricultores administram uma padaria que abastece as escolas públicas de cerca de 3 mil alunos com diversos tipos de pães, doces, bolos e biscoitos. São mulheres do assentamento Genipapo, onde 27 famílias receberam terrenos como parte do programa de reforma agrária do governo.
A energia solar tornou rentável o negócio da associação de moradores do assentamento e das escolas primárias das cidades vizinhas. O programa nacional de alimentação escolar exige que as escolas beneficiárias atribuam pelo menos 30% das suas compras a empresas familiares.
Em Orizona, comunidade de 16 mil moradores, Iná de Cubas recebeu um biogasificador e oito painéis fotovoltaicos que geram biogás e eletricidade para a produção de polpa de fruta, que também é utilizada na merenda escolar.
Outra tecnologia popularizada no projeto, a bomba solar, restaurou e preservou uma das nascentes que formam um riacho no Orizona. O sistema movido a energia solar bombeia água da nascente para um lago em Núbia Lacerda Matias, onde suas vacas matam a sede.
Os animais iam direto para a nascente, poluindo a água e prejudicando a mata do entorno. A área foi cercada para proteger tanto a água quanto a vegetação, que cresceu e se adensou para benefício das pessoas que viviam a jusante.
© Inter Press Service (2024) — Todos os direitos reservadosFonte original: Inter Press Service