Caracas, Venezuela — O presidente colombiano, Gustavo Petro, pediu na quarta-feira ao seu aliado próximo, o presidente venezuelano Nicolás Maduro, que divulgue a contagem detalhada dos votos das eleições do fim de semana, nas quais as autoridades eleitorais declararam Maduro o vencedor.
Os comentários de Petro seguiram-se às duras críticas da comunidade internacional a Maduro e ao seu Conselho Nacional Eleitoral, leal ao partido no poder, que, ao contrário das eleições anteriores, ainda não divulgou os resultados nas assembleias de voto.
O adversário mais próximo de Maduro, Edmundo Gonzalez, e a líder da oposição, Maria Corina Machado, disseram que a divulgação desses números mostraria que o presidente perdeu a eleição.
“As sérias dúvidas que surgiram em torno do processo eleitoral venezuelano podem levar a uma polarização profunda e violenta da população, com as graves consequências de uma divisão permanente”, disse Petro numa publicação na rede social X.
“Apelo ao governo venezuelano para que permita que as eleições terminem pacificamente, permitindo uma contagem transparente dos votos, com a supervisão de todas as forças políticas do país e uma supervisão internacional profissional”, acrescentou.
Petro também sugeriu que o governo de Maduro e a oposição deveriam chegar a um acordo “que proporcione o maior respeito possível pela força (política) que perdeu as eleições”. O acordo, disse ele, poderia ser apresentado ao Conselho de Segurança da ONU.
O Carter Center, uma instituição independente de análise eleitoral dos EUA, disse na terça-feira que não foi capaz de certificar os resultados das eleições presidenciais venezuelanas de domingo. As autoridades foram acusadas de “total falta de transparência” quando declararam Maduro o vencedor sem fornecer quaisquer resultados individuais das sondagens.
O grupo foi autorizado pelas autoridades eleitorais venezuelanas no início deste ano a enviar especialistas para observar a eleição. No domingo, 17 especialistas viajavam por quatro cidades.
“O facto de a agência eleitoral não anunciar os resultados através das assembleias de voto constitui uma grave violação dos princípios eleitorais”, afirmou o Carter Center, acrescentando que a eleição não cumpriu os padrões internacionais e “não pode ser considerada democrática”.