ANCARA, Turquia – O presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sissi, fará a sua primeira visita oficial à Turquia na quarta-feira desde que assumiu o poder, depois de as duas potências regionais terem resolvido anos de tensões.
El-Sissi e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, discutirão, entre outras coisas, as relações bilaterais, o conflito de Gaza e a escalada das tensões no Médio Oriente. Espera-se também que supervisionem a assinatura de mais de uma dezena de acordos de cooperação para fortalecer os laços entre os seus países, incluindo nos domínios da energia, defesa e turismo.
Em Fevereiro, Erdogan visitou o Egipto pela primeira vez em mais de uma década, depois de os dois países terem concordado em melhorar as relações e reintegrar os seus embaixadores. Erdogan disse que os dois países querem aumentar o comércio bilateral dos actuais 10 mil milhões de dólares para 15 mil milhões de dólares.
As relações entre o Egipto e a Turquia, um apoiante de longa data da Irmandade Muçulmana, deterioraram-se depois de os militares egípcios terem deposto o presidente islâmico Mohamed Morsi, no meio de protestos em massa contra o seu governo de um ano que causou divisão. Morsi pertencia à Irmandade Muçulmana, que é proibida como organização terrorista no Egito.
Nos últimos anos, Ancara deixou de criticar o governo de al-Sissi. O objectivo é melhorar as relações tensas com o Egipto e outros países árabes e procurar investimento em tempos de recessão económica. Em novembro de 2022, Erdogan e al-Sissi foram fotografados apertando as mãos na Copa do Mundo do Catar.
O ministro das Relações Exteriores egípcio, Sameh Shoukry, viajou para a Turquia em 2023 para mostrar solidariedade ao país depois que um terremoto mortal abalou partes do sul da Turquia e da Síria.
É a primeira visita de el-Sisi à Turquia desde que foi eleito presidente em 2014, um ano depois de ter liderado a derrubada de Morsi pelos militares. El-Sissi será acompanhado por uma grande delegação de políticos e empresários, informou a mídia egípcia.
O Egito tenta há meses mediar um cessar-fogo e a libertação dos últimos 100 reféns detidos pelo Hamas, juntamente com o Qatar e os Estados Unidos, um importante aliado de Israel. As negociações arrastaram-se desde que Israel fez novas exigências, incluindo o controlo israelita permanente do Corredor de Filadélfia entre Gaza e o Egipto e um segundo corredor que atravessa o enclave palestiniano.
O Egito acusou o primeiro-ministro israelense de obstruir as negociações. Opõe-se a qualquer presença israelita ao longo da fronteira de Gaza, dizendo que isso colocaria em risco o tratado de paz de décadas entre os dois países, uma pedra angular da estabilidade regional.
O Hamas tentou em vão conquistar a Turquia como fiador das negociações de cessar-fogo.
A guerra começou com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, no qual os militantes mataram cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e raptaram cerca de 250. O número total de mortos palestinos em Gaza já ultrapassou 40 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde, e um quarto dos residentes da área estão morrendo de fome.