BRASÍLIA (Reuters) – A CVM, agência reguladora de valores mobiliários do Brasil, acusou oito ex-executivos da varejista Americanas de abuso de informação privilegiada nos títulos da empresa antes de um escândalo contábil de alto perfil ser descoberto em 2023.
Em nota na noite de sexta-feira, a CVM disse ter reunido “elementos robustos, convincentes e consistentes” após concluir um inquérito administrativo para apurar as denúncias contra o ex-CEO Miguel Gutierrez e outros sete ex-executivos, incluindo José Timotheo de Barros e Anna, para apoiar Cristina Saicali.
A Americanas disse que os resultados das investigações de seu comitê independente e das autoridades mostraram que a empresa foi vítima de uma “complexa fraude contábil” orquestrada por seus ex-executivos, incluindo o uso indevido de informações confidenciais.
A empresa disse que deseja investigar o assunto e garantir que todos os responsáveis sejam responsabilizados legalmente.
A defesa de Gutierrez disse que as acusações se baseavam em suposições infundadas, acrescentando que a venda de ações realizada pelo executivo foi “realizada com integridade e em total conformidade com a regulamentação aplicável”.
O advogado de Barros disse não ter nada a dizer, acrescentando que a defesa do seu cliente seria “provar a sua inocência com base em dados objetivos”.
Uma representante de Saicali disse que não comentaria o assunto.
O caso de fraude contábil da Americanas abalou os mercados brasileiros no ano passado, levantando preocupações sobre a supervisão dos reguladores e a punição efetiva de qualquer irregularidade.
O retalhista, apoiado por três bilionários que fundaram a empresa de investimentos 3G Capital, pediu protecção contra falência depois de descobrir 4 mil milhões de dólares em discrepâncias contabilísticas.