Vários recordes perturbadores foram estabelecidos este ano. As temperaturas da superfície dos oceanos atingiram máximos históricos, assim como a acidez dos oceanos. Os níveis globais do mar estão a aumentar de forma alarmante. O planeta também experimentou os três dias mais quentes já registrados em julho deste ano
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Os “sinais vitais” da Terra acabam de ser verificados e as perspectivas são alarmantes. A humanidade está prestes a causar danos ambientais irreversíveis, de acordo com um relatório climático anual publicado na revista científica BioScience.
A equipa internacional de cientistas responsável pelo relatório alerta que estamos a aproximar-nos de uma catástrofe climática sem precedentes, em grande parte devido às emissões causadas pelo homem.
O relatório monitoriza 35 indicadores planetários chave, 25 dos quais estão atualmente nos níveis mais baixos de sempre. Se estas tendências continuarem sem controlo, os impactos serão profundamente desestabilizadores tanto para as sociedades humanas como para os ecossistemas naturais. O perigo de colapso social está a tornar-se cada vez mais real, alertam os cientistas.
Indicadores recordes
No centro da crise climática estão as emissões crescentes de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa, como o metano, sendo 90% destas emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis.
A parte restante deve-se a atividades humanas destrutivas, como a desflorestação. Estes factores levaram o clima da Terra ao seu limite, diz o relatório.
Vários recordes perturbadores foram estabelecidos este ano. As temperaturas da superfície dos oceanos aumentaram para níveis sem precedentes, enquanto a acidez dos oceanos atingiu novos máximos. Os níveis globais do mar estão a aumentar a um ritmo alarmante e as emissões de combustíveis fósseis continuam a aumentar, aumentando 1,5% só em 2023.
O planeta também viveu os três dias mais quentes já registrados em julho deste ano. Dadas estas tendências, os cientistas prevêem que os eventos climáticos extremos só se tornarão mais frequentes e graves nos próximos anos.
Além destes desafios ambientais, a população humana continua a crescer, aumentando em cerca de 200.000 pessoas todos os dias. Ao mesmo tempo, o número de bovinos, ovinos e caprinos, que contribuem significativamente para as emissões de gases com efeito de estufa e para a desflorestação, aumenta cerca de 170 000 todos os dias.
Apesar dos esforços para reduzir as emissões, o planeta ainda está no bom caminho para aquecer 4,9 graus Fahrenheit até 2100 – bem acima dos níveis considerados seguros para a estabilidade humana e ecológica.
Colapso social e migração climática
Um dos aspectos mais preocupantes do relatório é a possibilidade crescente de colapso social. Cada vez mais pesquisas científicas estão sendo publicadas sobre este tema, sugerindo que este não é mais um problema remoto ou marginal.
Mesmo que se evite o colapso global total, as alterações climáticas poderão ainda deslocar centenas de milhões, se não milhares de milhões, de pessoas até ao final do século.
O relatório alerta que cerca de um terço da população mundial poderá enfrentar riscos acrescidos, incluindo doenças, morte prematura, fome e uma série de outras catástrofes relacionadas com o clima. A deslocação e o sofrimento causados por estas crises poderão atingir níveis de catástrofe sem precedentes.
Um aviso terrível
Os cientistas por detrás do relatório deixam uma mensagem clara: estamos a avançar na direção errada. O consumo de combustíveis fósseis está a aumentar e as emissões de gases com efeito de estufa continuam a aumentar, empurrando inevitavelmente o planeta para a catástrofe climática.
Apesar da sensibilização e dos acordos internacionais, os esforços globais para reduzir estas emissões ficaram muito aquém do necessário para inverter o rumo.
Sem uma ação imediata e decisiva, alerta o relatório, os danos poderão ser irreversíveis. A hora de agir é agora, antes que as funções vitais da Terra se deteriorem irremediavelmente.