RIO DE JANEIRO — RIO DE JANEIRO (AP) – A Polícia Federal do Brasil exigiu a extradição de dezenas de pessoas que fugiram do país depois de terem sido acusadas de invadir altos cargos do governo no ano passado, em uma suposta tentativa de forçar o ex-presidente Jair Bolsonaro a voltar ao cargo, duas fontes familiarizadas com o pedido da polícia disse à Associated Press na quarta-feira.
A polícia encaminhou o pedido ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que o encaminhou ao Ministério da Justiça, segundo as fontes, que falaram sob condição de anonimato por não estarem autorizadas a falar publicamente. Um deles disse que o pedido tinha como alvo 63 pessoas, a maioria das quais se acredita estar na vizinha Argentina.
De Moraes está liderando uma extensa investigação sobre o tiroteio de 8 de janeiro na capital, Brasília, e proibiu suspeitos e condenados de deixar o país.
Bolsonaro – ele próprio alvo da investigação – e seus aliados negam qualquer irregularidade e dizem que são vítimas de perseguição política, ecoando a descrição do ex-presidente dos EUA, Donald J. Trump, de seus problemas jurídicos. Ele repetidamente semeou dúvidas sobre a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro, nunca admitindo a derrota nas eleições presidenciais de outubro de 2022 e recusando-se a comparecer à posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Polícia Federal conduziu uma operação em junho para prender refugiados envolvidos nos distúrbios. Mais de 200 réus desconsideraram deliberadamente as precauções judiciais ou até fugiram para outros países, disse a polícia em comunicado.
Até o momento, dezenas de refugiados foram presos nos estados do Espírito Santo, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Paraná e Distrito Federal. Eles são acusados de uma série de crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado, incitação ao crime e destruição e deterioração de propriedade protegida, disse a polícia.
A Suprema Corte pediu ao Itamaraty que confirmasse que 143 “fugitivos da justiça brasileira estão em território argentino”, disseram autoridades brasileiras em 11 de junho. A carta foi entregue através da embaixada em Buenos Aires.
O Supremo Tribunal também ordenou aos arguidos que entregassem os seus passaportes, mas surgiram relatos nos meios de comunicação de que os suspeitos estavam a viajar para países vizinhos. Pelo menos nove pessoas quebraram suas algemas eletrônicas e seguiram para a Argentina e o Uruguai, atravessando as fronteiras dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no sul, informou o site de notícias local UOL em maio.
Não é necessário passaporte para viagens turísticas entre países, pois Brasil, Argentina e Uruguai são países membros do bloco comercial Mercosul. Um cartão de identificação é suficiente.
O Departamento de Justiça se recusou a comentar um pedido específico de extradição quando contatado pela AP na quarta-feira, mas disse em comunicado que o processo de extradição exige a análise do departamento dos pedidos enviados ao Departamento de Estado, que os documentos serão então encaminhados ao órgão brasileiro Embaixada em Buenos Aires para comunicação com o governo argentino.
A Suprema Corte e o Departamento de Estado recusaram-se a comentar quando contatados pela AP.
Os esforços do Brasil para levar à justiça os envolvidos na revolta incluíram até agora mais de duas dezenas de fases e centenas de detenções contra aqueles que saquearam edifícios governamentais e instigaram ou financiaram o incidente.
A polícia brasileira revistou as casas e escritórios dos principais assessores de Bolsonaro e de um de seus filhos, Carlos, no início deste ano. Como parte da investigação, também confiscaram o passaporte do ex-líder.